
Ontem em uma pesquisa inusitada, vi o resumo de um documentário sobre o Brasil na segunda guerra mundial. Já vi muitos outros documentários sobre o Brasil na guerra como: "Senta a Púa", "A cobra fumou", "Pé de trincheira", mas nenhum tão profundo quanto o "Lapa Azul", o livro conta os feitos de brasileiros em solo italiano na segunda guerra, e também mostra um pouco de nossa dignidade perdida com o passar do tempo, até os dias de hoje.
A memória da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na II Guerra Mundial é quase desconhecida por nossos jovens. Dizer que 63 anos atrás, soldados brasileiros estiveram na Europa, lutando contra o nazi-fascismo, no maior conflito da história da humanidade, causa estranheza às novas gerações.Consultando os livros escolares de História do Brasil, verifica-se o motivo de tal desconhecimento. Em muitos deles a participação da FEB resume-se a uma linha. Em alguns, ela é sequer mencionada.Por seu turno, a bibliografia militar especializada prioriza os aspectos tácticos, estratégicos e as implicações políticas da guerra, em particular, a acção dos líderes militares e civis, deixando o relato do simples soldado no anonimato.A concepção do documentário visa preencher este hiato histórico, abordando o conflito sob a ótica daquele que carregou o mais pesado fardo na II Guerra Mundial — e o faz em todas as guerras: o soldado de infantaria.A obra revive a memória dos integrantes do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, conhecido como o "Lapa Azul", formado, em sua maioria, por jovens oriundos das classes humildes do interior mineiro.Os integrantes do “Lapa Azul” venceram limitações consideradas insuperáveis para um exército sul-americano. Transpuseram obstáculos que iam desde os de ordem estrutural até o ceticismo dos seus compatriotas."Por fim, aprenderam a guerrear. Sobrepujaram as experientes forças nazi-fascistas em meio à lama e a neve, nas montanhas dos Montes Apeninos italianos. Mesclando modelos digitais do terreno com imagens de satélite cedidas pela NASA — uma técnica inédita na produção audiovisual brasileira, foi possível reproduzir os campos de batalha onde o “Lapa Azul” eternizou o seu nome na História. A reprodução daqueles cenários, juntamente com a exibição de filmes, vídeos e fotografias raras, oriundas de bibliotecas e acervos pessoais no Brasil, na Itália e nos EUA, serviram de base para reviver as aventuras, os dramas e os conflitos pessoais dos veteranos entrevistados.
O documentário nasceu inspirado na luta e na garra dos nossos “pracinhas”, destacando aquele que foi o momento mais importante do Brasil, no cenário internacional, durante o século XX. Mais que um exercício de memória, O "Lapa Azul" exalta o verdadeiro espírito do brasileiro: humilde, generoso e pacífico por natureza, mas capaz de transformá-lo em guerreiro quando é preciso, na defesa da soberania e da liberdade da nossa terra.
O documentário nasceu inspirado na luta e na garra dos nossos “pracinhas”, destacando aquele que foi o momento mais importante do Brasil, no cenário internacional, durante o século XX. Mais que um exercício de memória, O "Lapa Azul" exalta o verdadeiro espírito do brasileiro: humilde, generoso e pacífico por natureza, mas capaz de transformá-lo em guerreiro quando é preciso, na defesa da soberania e da liberdade da nossa terra.
Antecedentes
O documentário reproduz o quadro do Brasil da época: um país essencialmente rural, exportador de produtos agrícolas e minerais, carente de recursos de toda ordem, tendo em sua modesta frota de navios mercantes, o principal, senão o único meio de contacto da capital federal, no Rio de Janeiro, com os estados do norte e do nordeste e de comércio com outros países.
Americanos e alemães disputavam o apoio brasileiro, enquanto o presidente Getúlio Vargas procura manter o Brasil neutro, tirando dessa neutralidade a maior vantagem possível.
Nossa frota de navios mercantes começou a ser destroçada por submarinos, tanto alemães quanto italianos, particularmente, quando do rompimento das relações diplomáticas com o Eixo, fruto do traiçoeiro ataque japonês à base americana de Pearl Harbour, uma afronta a todos os povos americanos.
Não restava mais dúvidas sobre qual lado apoiar, e o povo foi às ruas em massa, cobrando do governo uma atitude frente às agressões sofridas. Os "protestos energéticos" da diplomacia brasileira, quando emitidos quando do ataque aos navios brasileiros, durante a I guerra mundial, já não eram suficientes. A nação viu-se impelida a dar uma resposta altiva e soberana.
O presidente Getúlio Vargas, acuado por gigantescas manifestações, sabia que a ditadura do estado novo não ficaria de pé por muito tempo sem o apoio popular. Foi obrigado a ceder.
A declaração de guerra brasileira, à Alemanha e à Itália, em agosto de 1942, foi uma decisão sobretudo corajosa, já que nos primeiros meses do ano, o Eixo obtinha expressivas vitórias militares em todos os continentes.
No oriente, com a frota do pacífico destroçada, o Japão era senhor dos mares, conquistando a China, a Coreia, Singapura, e ameaçando invadir a Austrália. Na África, o "Afrika Corps", do general Rommel, avançava impetuosamente rumo ao Cairo, ficando prestes a invadir o oriente médio, cortando o fornecimento de petróleo para o ocidente. Na Europa, a França foi humilhada numa campanha relâmpago da Wermacht. A Inglaterra estava de joelhos, asfixiada pelo bloqueio naval alemão. Sua capital, Londres, era bombardeada dia e noite pela Luftwaffe. Na frente oriental europeia, as tropas nazistas cercavam Stalingrado, alcançando os subúrbios de Moscou. Jamais a Democracia e a liberdade no mundo correram tamanho risco.
A preparação para a guerra
O exército brasileiro da época era bastante defasado em armamento e equipamentos. A doutrina, ultrapassada, era baseada ainda no modelo francês da I guerra mundial. A última experiência bélica nacional vinha da distante campanha da tríplice aliança, há mais de oitenta anos.
Estávamos em franca desvantagem frente aos experimentados exércitos europeus, veteranos da primeira guerra mundial. Além do mais, nosso irrisório parque industrial, sem nenhuma experiência de mobilização, muito pouco oferecia de suporte a um conflito armado.
Havia ainda os simpatizantes do Eixo e os chamados "Quinta coluna", eram representantes do movimento integralista, uma versão cabocla do facismo Italiano e do Nazismo Alemão. A atuação desse grupo fortaleceu-se bastante após a vitória alemã contra franceses e ingleses, na Europa.
Nos corpos de tropas houve muitos atropelos provenientes da falta de experiência. Para o "Lapa Azul", por exemplo, foram convocados muitos soldados da colônia alemã em Santa Catarina e do Rio Grande do Sul que mal falavam o português.
Tudo conjurava contra a preparação da FEB para a guerra, em particular, os baixos índices sanitários da população. Retrato de um país agrário, subdesenvolvido e insalubre.
Mas, acima de tudo, havia o irreprimível sentimento patriótico em se responder com as armas, ao assassinío de quase 1.000 homens, mulheres e crianças, tripulantes e passageiros dos navios mercantes brasileiros, afundados por submarinos do Eixo.
O embarque
Embora torcendo pela sorte da FEB, o povo não acreditava que o nosso soldado pudesse lutar de igual para igual contra a máquina de guerra nazista. Temia-se um vexame internacional, afinal nossa última experiência de guerra vinha da campanha da tríplice aliança, 80 anos atrás.
Nossos soldados partiram sob o ceticismo de boa parte da população. Era comum ouvir-se nas ruas: É mais fácil uma cobra fumar do que a FEB embarcar", um dito espirituoso e típico do carioca, repetidos pelos simpatizantes do Eixo e pessimistas. Para o desapontamento deles, a cobra fumou, e o brasil embarcou.
Na Itália
A tropa brasileira desembarcou em Nápoles literalmente com a roupa do corpo, sem quaisquer equipamento ou armamentos. Por falta de material de acampamento, foi obrigada a bivacar na cratera de um vulcão extinto. Nossos soldados vieram a receber até mesmo peças de uniformes e calçados das mãos dos americanos, já que as fardas trazidas do Brasil eram inadequadas ao clima europeu e tinham a coloração idêntica às utilizadas pelos alemães. Os calçados, de má qualidade, desfaziam-se após curto uso. Uma triste lição que não pode ser esquecida.
Os "pracinhas", denominação carinhosa dada aos expedicionários, superaram deficiência de toda ordem; de adaptação a uma nova doutrina, do emprego dos novos armamentos, equipamentos e materiais de toda ordem, até então desconhecidos pela tropa.
O combate
A frente aliada na itália foi enfraquecida com a retirada de um numeroso contingente para a invasão da Normandia, restando um efetivo similar às tropas do Eixo. Não foi possível, portanto, completar-se o ciclo de treinamento da FEB para o combate. Ou seja, aprendemos a lutar na marra.
Aprendemos a lutar nas montanhas: teatro de operações o qual não estávamos preparados. Vimos temperaturas abaixo de -15°C sob um metro de neve.
Combatemos contra tropas calejadas, possuidoras de cinco anos de experiência em combate. Nem por isso nos intimidamos. Fomos à luta. Vencemos.
O retorno
Por fim, gloriosos no campo de batalha, de libertadores e defensores da democracia, os pracinhas passaram a ser vistos como uma verdadeira ameaça. Uma ameaça tanto para a ditadura Vargas quanto para as forças que planeavam, secretamente, o retorno do país a normalidade, visto que o presidente Getúlio Vargas também era muito querido entre os pracinhas.
A solução encontrada foi dissolver a FEB ainda em território italiano. Um epsódio que até hoje
revolta os nossos veteranos.
Fontes:www.google.com/www.lapaazul.com
